domingo, 1 de julho de 2012

Momentos inesquecíveis do nosso grande ídolo: Victor


Talvez Victor nem soubesse que a sua última partida de azul seria contra o Flamengo, no último domingo, pelo Brasileirão. Mesmo assim, foi uma despedida para se guardar. O Grêmio jogou bem, venceu, e o goleiro saiu sem ser vazado e ainda dono de uma das defesas da rodada (veja ao lado). Os derradeiros 90 minutos foram fiéis à boa parte de seus quatro anos e meio de estádio Olímpico. Mas Victor também passou por provações nesse tempo. Com a saída rumo ao Atlético-MG firmada na noite de sexta-feira, o balanço da "Era Victor" é agridoce - como a vida de qualquer jogador que elege a pequena área como habitat natural e as luvas como eterna companheira.
O sucesso de Victor no Grêmio foi tão veloz e surpreendente quanto a sua saída, negociada em poucas horas. Foi anunciado pela direção no site oficial do clube em 18 de dezembro de 2007. Indicação do então técnico Vagner Mancini, chegou discreto, mas rapidamente assumiu a condição de titular absoluto. Sobreviveu incólume à demissão do treinador e seguiu firme com Celso Roth. Aos poucos, o desconhecido goleiro, aposta trazida do Paulista, impressionou os gremistas com um repertório sortido de defesas milagrosas.
Victor, do Grêmio, no Tá em Casa 1 (Foto: Divulgação SporTV)Identificado com o Grêmio: até a casa de Victor é azul
Foi um dos protagonistas da campanha do vice-campeonato nacional e levou o prêmio de melhor goleiro do Brasileirão 2008 (abaixo, uma das defesas marcantes daquele ano). Esse padrão o acompanhou por toda a trajetória no Grêmio: bons jogos, grandes defesas, prêmios individuais aos montes, mas sem sucesso na hora de erguer um troféu de expressão. Apesar de sempre reforçar esse discurso por títulos relevantes, Victor jamais conseguiu colocá-lo em prática. A taça que gravou em seu currículo chegou em 2010, com a conquista do Gauchão.
Em compensação, acumulou, além do reconhecimento de 2008, o prêmio de melhor goleiro do Brasileirão de 2009 e o segundo lugar em 2010. Com o seu trabalho sob as traves, chegou à Seleção em 2009, com Dunga.
Esteve no grupo campeão da Copa das Confederações. Não foi à Copa da África. Mas, após o Mundial, seguiu na lista de Mano Menezes. Foi o goleiro titular na estreia do técnico, diante dos Estados Unidos.
O pegador de pênaltis
O ano de 2010 també foi positivo no Olímpico. Afinal, conquistou o Gauchão e renovou seu contrato até 2015, num vultoso plano de carreira armado pelo clube. Também se consagrou como um goleiro pegador de pênaltis. Para se ter uma ideia, naquele Brasileirão, chegou em certo momento a defender cinco de nove cobranças.
Apesar da falta de títulos expressivos no Grêmio, Victor tinha o respaldo da torcida. O vazio deixado por Danrlei desde 2003, enfim, parecia estar bem preenchido. Desde aquela época, o clube testou um número infindável de alternativas. Goleiros da base, estrangeiros... Uma sequência tão longeva só foi possível com Victor.
No dia 22 de abril, por exemplo, contra o Canoas, pelo Gauchão, chegou à marca de 250 jogos. Do atual grupo de atletas, é o que mais tem jogos pelo Grêmio e o único a atuar em todas as partidas de 2012.
- Não era algo que eu imaginava, quando vim para cá - confessou Victor, em recente entrevista, lembrando a sua estreia no clube em 19 de janeiro de 2008, contra o 15 de Novembro, pelo Gauchão, vitória por 3 a 0.
"Trauma Gre-Nal"
Os números expressivos, no entanto, pareciam evaporar quando o assunto era Gre-Nal. Apesar de não contabilizar nenhum 'frango', acabou estigmatizado como um goleiro de pouca estrela no maior clássico do Rio Grande do Sul. Teve uma falha marcante em chute de D'Alessandro, no Brasileirão de 2009, que definiu o placar (confira ao lado).

Discussões aficcionadas e comparações clubísticas à parte, o certo é que os números confirmam um aproveitamento pouco animador: 29,6% (venceu quatro, empatou quatro e perdeu dez vezes) e média de 1,4 gol sofrido por jogo nos 18 confrontos com os colorados.
Em 2011, parecia que o fantasma que se abatia em Gre-Nais havia se alojado, inconveniente, debaixo das traves de Victor, sem trégua. No lugar dos milagres, as falhas - mesmo não constantes, mas pontuais, elas deixaram o torcedor preocupado.
O ápice ocorreu no Brasileirão, diante doFlamengo, de Ronaldinho, no Engenhão. Victor tentou driblar o desafeto tricolor, acabou desarmado na área e levando o gol. A falha se deu dias após o seu retorno da Copa América. Em seu lugar, Marcelo Grohe havia feito cinco bons jogos, com direito a pênalti defendido. E uma corrente se formava pedindo a dança de cadeiras no gol azul.
- As críticas eram corretas. Acabei oscilando demais em 2011 - analisa, tranquilo como se estivesse curtindo as férias na sua Santo Anastácio, no interior paulista, ao lado da esposa Giseli.
grêmio jogadores visita arena humaitá obras estádio (Foto: Lucas Rizzatti/Globoesporte.com)
A mudança no posto não aconteceu. E Victor começou 201
2 melhor. Lembrou por vezes o camisa 1 milagreiro de 2008. O mesmo que fez a torcida clamar por sua convocação à Copa, em 2010. E o que garantiu o 2 a 0 do Grêmio sobre o Flamengo, no último domingo.
Um adeus de luxo. Mesmo que ninguém soubesse que aquele seria o desfecho, Victor deixou o recado aos gremistas de como gostará de ser lembrado.

Nenhum comentário: